Fã de Ronaldo, argentino só não promete a cumbia para comemorar seus gols, como fazia Tevez
Defederico não vê a hora de estrear com a camisa 10 do Timão no Brasileirão.
Ainda é cedo para dizer se Matías Defederico será mais um argentino a brilhar com a camisa do Corinthians. Mas, se depender da confiança do novo camisa 10 alvinegro, a Fiel pode ir preparando as honrarias.
Em vídeos disponíveis na internet, a habilidade do jovem meia de 20 anos impressiona. Nesta entrevista concedida ao LANCENET! , em Itu, a característica se confirmou, ao menos com as palavras. Cuidadoso, prometeu muito empenho. Agradecido, fez elogios à torcida. Disse que está impressionado com a paixão dos torcedores alvinegros e com a simplicidade de Ronaldo.
Defederico trouxe dribles e arrancadas no currículo. E, pelo que viu do futebol brasileiro, acha que terá mais facilidade para jogar aqui do que na Argentina.
Sem ainda ter noção do que virá no ano do centenário corintiano, o sucessor de Tevez espera repetir o sucesso do compatriota para provar que existe um gigante dentro do “chico” de 1,71m.
LANCENET!: Como foi o seu começo na Argentina?
DEFEDERICO: Sempre joguei pelo Huracán, desde pequeno, quando minha mãe ainda me levava aos treinos.
LNET!:Quais as maiores dificuldades que você encontrou no começo da carreira?
D: A maior dificuldade foi o meu porte físico. Como sou muito pequeno, os treinadores não se animavam em me pôr em campo. Comecei a ganhar chance no elenco profissional aos 16 anos, mas treinava também com os garotos da minha categoria. No ano passado, com Angel Cappa (técnico do Huracán) pude jogar e demonstrar meu futebol, assim como outros jovens jogadores do clube. Tínhamos uma boa equipe e quase fomos campeões (do Torneio Clausura deste ano, perdeu para o Vélez Sarsfield). Fizemos excelente campanha.
LNET!: Os defensores tentam lhe intimidar por causa do seu tamanho?
D: Tenho em mente que todos os jogadores são maiores do que eu (risos). Tenho de me impor a essa dificuldade. Porém, quanto mais baixo, mais habilidoso. O que importa é a qualidade. Você tem de procurar o ponto fraco do seu defensor para poder atacar da melhor forma. Quando você conhece também a si mesmo, você sabe o que fazer. Não gosto quando me “batem”, mas tenho aprendido sempre e procuro chegar antes da marcação. Procuro também observar quando o defensor tem cartão amarelo e não pode mais fazer faltas. Esses pensamentos fazem você mais inteligente.
LNET!: O futebol argentino é mais pegado do que o brasileiro?
D: Os treinamentos no Brasil, talvez, sejam mais duros, mais rígidos. Mas o jogo é mais pegado na Argentina. A marcação é mais forte. No Brasil, você encontra mais espaço. Com isso, um jogador com a minha qualidade consegue jogar um pouco mais.
LNET!: Então, acredita que terá mais facilidade no futebol brasileiro?
D: Pelo que tenho visto, sim. Agora preciso ver como é dentro de campo, se é mais fácil ou não. O pouco que pude ver na partida contra o Santos e nos outros jogos pela televisão, parece que é um pouquinho mais fácil. O futebol argentino é bem mais pegado.
LNET!: Você prefere o futebol argentino ou o brasileiro?
D: Quero jogar uma partida no Brasil primeiro para poder responder a essa pergunta.
LNET!: Como estão sendo seus primeiros dias no Brasil?
D: Muito bons. Tem uma pessoa comigo 24 horas por dia e que me ajuda na hora de usar o telefone, se preciso (risos). Isso facilita muito. São Paulo é um pouco diferente de Buenos Aires, tem mais trânsito. Estou morando perto do clube para não me atrasar. Aos poucos vou me acostumando à cidade, mas é óbvio que aqui a cultura é outra, diferente. Mas estou tranquilo e estou ciente de que essas mudanças são constantes na carreira de um jogador de futebol.
LNET!: Você acredita em Deus?
D:Não muito. Vi que meus companheiros são bastante religiosos. Eu compreendo e respeito. Mas acredito mais na minha vó que morreu do que em Deus.
LNET!: E Maradona? É Deus?
D: Na Argentina, sim. Eu o Vejo como um grande ídolo. Foi o melhor jogador do mundo na sua época.
LNET!: E foi melhor do que Pelé?
D: Creio que sim. Pelé, quando jogava pelo Santos, tinha uma grande equipe. Já Maradona jogava sozinho no Napoli e foi campeão de muitos campeonatos, por isso acredito que foi o maior do mundo.
LNET!:Sua mãe deu entrevista à ESPN e afirmou que que você ligou para ela para dizer que tinha encontrado o Ronaldo no vestiário. Muitas pessoas perguntam sobre ele?
D: Sim, sim. Meus amigos, minhas família, todos me perguntam como é Ronaldo e o que ele faz. Estão todos emocionados por eu estar ao lado dele. Não são todos os jogadores que têm a sorte que estou tendo.
LNET!: Qual a sua real posição: armador ou ponta?
D: Tenho a facilidade de jogar nas duas funções. Na verdade, ainda não conversei com Mano para saber como ele vai querer me usar. Mas, graças a Deus, tenho a facilidade de jogar nas duas funções. Onde eu for aproveitado, vou procurar fazer o melhor para a equipe. O importante é estar entre os titulares.
LNET!: O Corinthians completa cem anos em 2010. Como você vê a comemoração do centenário?
D: No ano passado, o Huracán também comemorou cem anos, mas no Corinthians é bem diferente. Com a Libertadores, será um grande ano.
LNET!: Como foram as festas dos cem anos do Huracán?
D: Fizemos um jogo contra o Estudiantes e ganhamos por 1 a 0. Depois, teve uma grande festa privada no clube, com jogadores e dirigentes. Foi tudo muito bonito.
LNET!: E fora do futebol, como é sua vida e o que gosta de fazer?
D: Jogo bastante Playstation, gosto de conversar pelo MSN com meus amigos e familiares. Gosto muito de descansar, mas costumo também ir ao shopping comprar roupa. Não costumo fazer outra atividade física além do futebol. Não sou de ler muito. Costumo ver filmes.
LNET!: Que tipo de música gosta?
D: Ouço cumbia, como gostava Carlitos. Ouço também reggaeton, mas costumo variar bastante. No Brasil, você passa a ouvir músicas que não tinha o costume de ouvir.
LNET!: Tevez comemorava seus gols dançando. Você vai fazer isso?
D: Sou mais tranquilo nesse sentido. Ele (Tevez) tinha uma grande personalidade quando comemorava seus gols. Sou um pouco mais reservado. Prefiro festejar com a torcida e abraçar os companheiros.
LNET!: Quais são suas perspectivas para o futuro?
D: É óbvio que todo jogador tem em mente jogar um dia na Europa. Mas isso vem com o tempo. Primeiro tenho de me centrar aqui no Corinthians, fazer um bom trabalho, para, assim, ganhar uma chance em um grande clube europeu.
LNET!: Como está o povo argentino com o rendimento da seleção?
D: Não só eles estão tristes, como eu também. É um momento muito difícil, mas precisamos ser fortes. Maradona tem muita experiência e tenho certeza de que a Argentina vai se classificar para a Copa.
LNET!: Como você encara as gozações brasileiras com essa situação?
D: Quando a Argentina começar a ganhar, eu que vou brincar (risos). É apenas um momento ruim, mas você é obrigado a levar na brincadeira as gozações. Sabia que, se a Argentina perdesse para o Brasil, iriam brincar comigo. Já passou...
LNET!: Como você vê a comparação com Messi?
D: Messi é o melhor jogador do mundo e falta muito para chegar ao nível dele. Tenho um enorme caminho pela frente. Sei do peso dessa comparação, mas não aceito. Quero fazer o meu nome, a minha carreira e meu estilo de jogo.
LNET!: Como foi sua passagem pela seleção, com Maradona?
D: Foi uma ótima experiência. Mesmo jovem, tive a felicidade de ganhar uma oportunidade, jogar e até fazer um gol. Foi uma convocação muito importante para a minha carreira. Quero voltar.
Nota da redação: Em 20 de maio, a Argentina, formada por jogadores que atuam no país, ven-ceu o Panamá por 3 a 1 e Defederico fez um gol.
LNET!: Acha que ainda tem chance de jogar a próxima Copa do Mundo?
D: Não. Estou ciente de que existem outros jogadores com mais experiência na minha frente. É algo muito difícil, mas estou tranquilo. Tenho 20 anos e ainda tenho três ou quatro Copas do Mundo pela frente. Se as coisas continuarem bem, tenho fé que vou participar de uma.
LNET!: De acordo com os torcedores e os seus companheiros, qual o principal rival do Corinthians?
D: Creio que o São Paulo, mas existe uma grande rivalidade com o Palmeiras também. A partida mais próxima é contra o São Paulo e estamos nos preparando para isso.
LNET!: Qual o recado para a torcida do Corinthians antes da sua estreia?
D: Que fiquem tranquilos, pois vou trabalhar e tentar buscar o que eles pedem a um jogador. É muito positivo jogar pelo Corinthians.
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Admiração por Ronaldo e duelo virtual
-Acreditava que, quando chegasse em um grande clube como o Corinthians, Ronaldo já teria se aposentado. Mas, graças a Deus, hoje o tenho como companheiro. É um luxo compartilhar com ele os treinos e os vestiários. Não são todos que têm essa sorte. Ainda não joguei Playstation com Ronaldo, mas vou desafiá-lo na concentração (risos) - brincou.
O número 2 do mundo
- Ronaldo foi o melhor jogador que vi jogar, sem dúvidas. Além dele, gosto muito do francês Thierry Henry. Sempre gostei do futebol dele. Mas Ronaldo foi muito melhor, é claro - elogiou.
Em 2008, o Botafogo tentou contratá-lo
- Eu era muito novo, tinha 18 anos. Havia jogado pouco pelo Huracán, por isso não me liberaram. Graças a Deus, segui no clube e, hoje, estou no Corinthians - disse.
Final da Libertadores. Surpresa com o título do Estudiantes?
- Não fiquei. O Estudiantes é o melhor time da Argentina hoje por causa do talento dos jogadores. Graças ao Verón, que voltou ao clube, as coisas melhoraram muito para eles e o título não me surpreendeu, foi justo - opinou.
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